quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A NOÇÃO DE SUJEITO EM PSICANÁLISE

• Na elaboração lacaniana, o conceito de sujeito encontra-se diretamente ligado ao conceito de inconsciente. Na verdade, Lacan introduz o inconsciente como um sujeito;
• Sujeito do cogito: “Penso, logo existo”. O sujeito do cogito é o sujeito do pensamento. É o fato de ele pensar que o assegura de si, sendo, ao mesmo tempo, um sujeito do pensamento e um sujeito da certeza. Mas, qual sua certeza? Ele está certo somente quanto a sua própria existência; não está certo quanto à sua essência ou ser essencial. Sua certeza é a certeza da existência como presença real e o cogito visa ao real;
• O sujeito do pensamento ou o sujeito da certeza não é o sujeito da verdade, porque sua certeza é completamente independente da verdade. O cogito suspende qualquer consideração da verdade. Exemplo: meus pensamentos podem ser verdadeiros ou falsos – não importa; podem ser alucinações, sonhos, enganos, delírios – não importa; quando penso, sou;
• O que é o sujeito para Lacan? É o sujeito constituído no campo da linguagem, por isso Lacan o concebe como o parlêtre (falasser): o sujeito habitado pela linguagem, que tem seu sintoma constituído a partir da fala só tem a fala como recurso para tratar de seus sintomas psíquicos;
• O que é falar? Como compreendemos o fenômeno da fala em análise? Falar é fazer o sujeito aparecer e é na fala que o inconsciente aparece. É desse modo que Lacan privilegia as falhas, definindo o inconsciente, conforme já dito, como “[...] tropeço, desfalecimento, rachadura. Numa frase pronunciada, escrita, alguma coisa se estatela [...]. Ali, alguma outra coisa quer se realizar”;
• Lacan optou por enfatizar o inconsciente como sujeito, um sujeito que não tem substância, que é um tropeço, já que algo não se encaixa, mas se expande para preencher o próprio desejo. Quais as implicações disso para a clínica? Que o sujeito aparece lá onde não tem sentido, sendo a análise uma busca não pelo significado, mas pela verdade (sempre subjetiva);
• Dizer sujeito é também dizer que a experiência que será feita desse engano o será por um falante, que se interroga no campo da linguagem sobre a existência de seu “eu”
• Em psicanálise o sujeito do pensamento é o sujeito como pensamento inconsciente, é o sujeito como escravo e não como mestre; o sujeito assujeitado ao efeito da linguagem; é um sujeito subvertido pelo sistema de significantes;
• O sujeito é primeiramente um efeito, não um agente. O que é um sujeito? Diz Lacan: “O sujeito nasce no que, no campo do Outro, surge o significante. Mas, por este fato mesmo, isto – que antes não era nada senão sujeito por vir – se coagula em significante [...]. Por nascer com o significante, o sujeito nasce dividido. O sujeito é esse surgimento que, justo antes, como sujeito, não era nada, mas que, apenas aparecido, se coagula em significante”;
• Isso posto, o sujeito não é substância, mas efeito de linguagem. Antes do surgimento do significante, o sujeito é nada;
• Há várias outras concepções de sujeito em Lacan: sujeito desejante de sujeito suposto saber; o corte do sujeito; a matemização do saber; o sujeito do sexo; o sujeito da ciência;
• Síntese do termo sujeito, em Psicanálise: sujeito dividido pelo significante; o sujeito não é uma entidade homogênea; o sujeito é descentrado; o sujeito é efeito da linguagem.

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