quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM


Para melhor compreensão das funções de linguagem, torna-se necessário o estudo dos elementos da comunicação. a partir deles, Jakobson distinguiu seis funções de linguagem, relacionando cada uma delas a um dos componentes do processo comunicativo. Desta forma, em cada ato de fala, dependendo de sua finalidade, destaca-se um dos elementos da comunicação, e, por conseguinte, uma das funções da linguagem.

Cada um desses seis fatores determina uma diferente função da linguagem. Embora distingamos seis aspectos básicos da linguagem, dificilmente lograríamos, contudo, encontrar mensagens verbais que preenchessem uma única função. A diversidade reside não no monopólio de alguma dessas diversas funções, mas numa diferente ordem hierárquica de funções. A estrutura verbal de uma mensagem depende basicamente da função predominante. Mas conquanto um pendor (Einstellung) para o referente, uma orientação para o CONTEXTO - em suma, a chamada função REFERENCIAL, "denotativa", "cognitiva" - seja a tarefa dominante de numerosas mensagens, a participação adicional de outras funções em tais mensagens deve ser levada em conta pelo linguista atento.

"A linguist deaf to the poetic functions of language
and a literary scholar indifferent to linguistics are
equally flagrant anachronisms"

Roman Jakobson

A função emotiva

A função conativa

A função fática

A função metalinguística

A função poética

Elementos da linguistica de Jakobson

Lacan sustenta que Jakobson o auxiliou a entender que, de fato, o inconsciente é estruturado como uma linguagem. Assim, achamos importante colocar, em linhas gerais, as ideias desse importante e produtivo linguista.

Nascido em Moscou a 11 de outubro de 1896, filho de engenheiro químico e proeminente industrial, Roman Osipovic Jakobson cresceu e conviveu com a intelectualidade russa anterior à Revolução. Desde cedo revelou interesse pelos estudos comparativos. Quando contava dez anos de idade seu professor de gramática exigia que seus alunos entendessem os significados das flexões da língua russa. Para Jakobson a exigência do mestre estava longe de ser imposição; era um exercício que ele fazia com entusiasmo. Elaborava longas listas anotando as várias significações como quem encontra os tesouros de sentido.

Talvez a teorização mais conhecida de Jakobson seja a que trata das funções da linguagem.

A Jakobson

Lacan, no seminário XX, faz uma homenagem ao linguista R. Jakobson. Na referida homenagem, Na segunda aula, “A Jakobson”, Lacan apontará justamente
uma nova noção de significante que inclui a substância
gozante. Para tanto, Lacan necessitará falar de seus
antecedentes, Jakobson e Saussure. Afirma que no fato de o
inconsciente ser estruturado como uma linguagem já não se
trata do campo da lingüística. Isso implica uma ruptura de
Lacan com a noção de significante da lingüística estrutural,
haja vista que nesse campo o significante exclui o real. É a
crítica de Lacan a Saussure do Curso de Lingüística Geral,
pois o mesmo funda a lingüística no campo da ciência pois o mesmo funda a lingüística no campo da ciência
excluindo, necessariamente, o real. Para introduzir o real no
significante Lacan remonta uma tradição estóica que reflete
Santo Agostinho, em que o significante deve ser estruturado em
termos topológicos: “[...] o significante é primeiro aquilo
que tem efeito de significado, e importa não elidir que, entre
dois, há algo de barrado a atravessar”.

O SUJEITO NA LINGUÍSTICA


Discutimos a presença do sujeito na linguística, a partir da concepção de 3 importantes linguistas, a saber: Todorov, com seu sujeito cognitivista; Chomsky, com seu homem-máquina e sua concepção piagetiana de sujeito; Jakobson, com seu sujeito informacional.

De modo mais específico, vimos, a partir de um texto de Éric Laurent, a diferenciação lacaniana do sujeito da linguagem, em oposicção ao pensamento chomskyiano. O texto de Éric Laurent (2005) aborda a concepção de Chomsky da linguagem-órgão, à luz das elaborações de Lacan sobre Joyce e o sinthoma no Seminário 23. Demonstra que, para Lacan, a linguagem será definida como uma espécie de órgão-sinthoma que vem fazer obstáculo a toda concepção totalizante da imagem, em oposição às terapias cognitivas que se baseiam na identificação com uma imagem ideal.

A NOÇÃO DE SUJEITO EM PSICANÁLISE

• Na elaboração lacaniana, o conceito de sujeito encontra-se diretamente ligado ao conceito de inconsciente. Na verdade, Lacan introduz o inconsciente como um sujeito;
• Sujeito do cogito: “Penso, logo existo”. O sujeito do cogito é o sujeito do pensamento. É o fato de ele pensar que o assegura de si, sendo, ao mesmo tempo, um sujeito do pensamento e um sujeito da certeza. Mas, qual sua certeza? Ele está certo somente quanto a sua própria existência; não está certo quanto à sua essência ou ser essencial. Sua certeza é a certeza da existência como presença real e o cogito visa ao real;
• O sujeito do pensamento ou o sujeito da certeza não é o sujeito da verdade, porque sua certeza é completamente independente da verdade. O cogito suspende qualquer consideração da verdade. Exemplo: meus pensamentos podem ser verdadeiros ou falsos – não importa; podem ser alucinações, sonhos, enganos, delírios – não importa; quando penso, sou;
• O que é o sujeito para Lacan? É o sujeito constituído no campo da linguagem, por isso Lacan o concebe como o parlêtre (falasser): o sujeito habitado pela linguagem, que tem seu sintoma constituído a partir da fala só tem a fala como recurso para tratar de seus sintomas psíquicos;
• O que é falar? Como compreendemos o fenômeno da fala em análise? Falar é fazer o sujeito aparecer e é na fala que o inconsciente aparece. É desse modo que Lacan privilegia as falhas, definindo o inconsciente, conforme já dito, como “[...] tropeço, desfalecimento, rachadura. Numa frase pronunciada, escrita, alguma coisa se estatela [...]. Ali, alguma outra coisa quer se realizar”;
• Lacan optou por enfatizar o inconsciente como sujeito, um sujeito que não tem substância, que é um tropeço, já que algo não se encaixa, mas se expande para preencher o próprio desejo. Quais as implicações disso para a clínica? Que o sujeito aparece lá onde não tem sentido, sendo a análise uma busca não pelo significado, mas pela verdade (sempre subjetiva);
• Dizer sujeito é também dizer que a experiência que será feita desse engano o será por um falante, que se interroga no campo da linguagem sobre a existência de seu “eu”
• Em psicanálise o sujeito do pensamento é o sujeito como pensamento inconsciente, é o sujeito como escravo e não como mestre; o sujeito assujeitado ao efeito da linguagem; é um sujeito subvertido pelo sistema de significantes;
• O sujeito é primeiramente um efeito, não um agente. O que é um sujeito? Diz Lacan: “O sujeito nasce no que, no campo do Outro, surge o significante. Mas, por este fato mesmo, isto – que antes não era nada senão sujeito por vir – se coagula em significante [...]. Por nascer com o significante, o sujeito nasce dividido. O sujeito é esse surgimento que, justo antes, como sujeito, não era nada, mas que, apenas aparecido, se coagula em significante”;
• Isso posto, o sujeito não é substância, mas efeito de linguagem. Antes do surgimento do significante, o sujeito é nada;
• Há várias outras concepções de sujeito em Lacan: sujeito desejante de sujeito suposto saber; o corte do sujeito; a matemização do saber; o sujeito do sexo; o sujeito da ciência;
• Síntese do termo sujeito, em Psicanálise: sujeito dividido pelo significante; o sujeito não é uma entidade homogênea; o sujeito é descentrado; o sujeito é efeito da linguagem.