segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Sujeito e transgressão na forma-ação do sentido


O trabalho do colegao João Marcos de Souza apresentado na mesa-redonda tratou da seguinte questão:

"A ideia de sujeito no campo da linguagem ainda exige por partes de seus estudiosos um criterioso trabalho de reflexão, tanto pela complexidade que se estabelece no seio dos estudos lingüísticos sobre o que se trata o sujeito e sua função na linguagem, quanto pela expansão do conceito de sujeito nas ciências humanas, levando os estudos lingüísticos a um confronto teórico que rompe com seus contornos. Dialogar com outras áreas acerca desse tema tornou-se um dos campos mais férteis à pesquisa na lingüística, e tal prática de estudo é o que fomenta o campo da Análise do Discurso.
Então, a Análise do Discurso é a área do saber, nos estudos lingüísticos, que promove certa interlocução com os demais saberes humanos e, aqui, especialmente, com a Psicanálise, a fim de equacionar uma justa-posição da funcionalidade do sujeito na linguagem. Se o cerne da linguagem e comunicação é a transmissão ou estabelecimento do sentido, do semântico, então, queremos apresentar nesse espaço de comunicação que a natureza do sujeito, além de se constituir na linguagem, tem por ação construir a possibilidade do sentido tanto da linguagem quanto de si mesmo numa relação de alteridade. Para isso os conceitos de gêneros como campo de expressão do sujeito e a transgressão desses gêneros podem atuar como condição de manifestação do sentido como “forma-reconhecimento” e “rompimento” de sujeito e linguagem."

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Psicanálise e vínculo social: As modificações discursivas e as consequentes mudanças na masculinidade


Na mesa-redonda da 5a feira, o prof. Cássio Miranda apresentou o trabalho intitulado "Psicanálise e vínculo social: As modificações discursivas e as consequentes mudanças na masculinidade". Segundo ele, "O presente trabalho discute o mal-estar masculino na cena contemporânea, levando-se em consideração o quadro de angústia instalado no campo da masculinidade diante das exigências que são impostas ao “novo homem”. Apostamos que a angústia e o mal-estar encontram-se associados às modificações discursivas na contemporaneidade, e as conseqüentes mudanças identificatórias que fizeram vacilar as representações fundadas no contexto edipiano. Assim, buscaremos discutir como esse “novo homem” que é construído pelo discurso midiático forma um imaginário social em torno da virilidade, causando aquilo que pode ser chamado de crise de identidade. Por fim, defendemos a idéia de que a crise de identidade masculina, com seu efeito angustiante, relaciona-se a um certo declínio do pai, com seus variados efeitos no laço social".

Até a próxima!

Psicanálise e linguagem: achegas


Na mesa-redonda coordenada nesta 5a feira pelo professor Cássio Eduardo Soare Miranda, a professa Maria Antonieta A. M. Cohen apresentou o trabalho cujo resumo encontra-se abaixo:

"Propõe-se aqui uma breve reflexão sobre a psicanálise e a linguagem. À primeira vista, parece ser esta uma interface óbvia, principalmente se se leva em conta que estamos na era da interdisciplinaridade. No entanto, quando a tentativa de aproximação entre os dois campos é feita, questões substantivas afloram e desafiam nosso olhar. A primeira refere-se ao lugar a partir do qual abordamos a questão: o do analista do discurso, do lingüista ou do psicanalista. Vários recortes se fazem necessários em ambas as áreas referentes às correntes da psicanálise que se toma como parâmetro, o mesmo sendo válido para as correntes da lingüística e da análise do discurso, pelo outro lado. Numa primeira campanha, a sedução vem do ponto de vista de que a narrativa psicanalítica e a literária podem ser aproximadas, comparadas; uma outra seria a tentação de se colocar os textos literários e seus autores sob análise, e last but not least, a mais complexa de todas, a de se levantar os pontos de aproximação e divergência entre as duas áreas, tendo a linguagem humana articulada e oral como parâmetro".

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Mesa-redonda 2: Conexões entre Psicanálise e Análise do Discurso


Amanhã, 5a feira, às 21h00m, na sala 3051C, acontece a mesa redonda que tratará de algumas conexões possíveis entre Psicanálise e AD. Para tanto, contaremos com a presença do prof. Cássio Miranda, da profa. Tilah, do doutorando João Marcos e da mestranda Raquel Pardini. O trabalho da profa Tilah está intitulado como "Psicanálise e linguagem: achegas", o do prof. Cássio recebe o título de "Psicanálise e vínculo social: as modificações discursivas e as consequentes mudanças na masculinidade", "Sujeito e transgressão na forma-ação do sentido" é o tema do trabalho de João Marcos de Souza e, por fim, a mestranda Raquel Pardini apresenta o trabalho "A semiolínguística e a psicanálise".

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

IX SEMANA DE EVENTOS DA FACULDADE DE LETRAS


Acontece, de hoje à 23 de Outubro, a IX Semana de Eventos da Faculdade de Letras da UMFG. De modo específico, o NAD realiza, nestes dias, o I Colóquio de Análise do Discurso da FALE-UFMG. Segundo a professora Dra. Ida Lucia Machado, coordenadora do NAD, O núcleo de Análise do Discurso da Fale/UFMG foi o primeiro núcleo oficializado nesta Faculdade, em 1996, ainda que funcionasse informalmente desde 1993. Este núcleo tem por objetivo discutir o que é o discurso e as diversas metodologias que o abordam. Ele reúne pesquisadores de diferentes áreas e que trabalham com diferentes corpora. A interdisciplinaridade tem sido, pois, o ponto forte do NAD. Para ela, analisar discursos permite aos diferentes pesquisadores ter uma visão mais ampla sobre o mundo em que vivemos e sobre as diferentes trocas linguageiras que nele praticamos, todos os dias. Analisar discursos é também uma atividade gratificante, pois, nos faz entrar no mundo mágico das palavras e nos permite degustá-las, com seus jogos e com seus enjeux.

Acompanhe a programação no endereço: http://www.letras.ufmg.br/site/sevfale2009/sevfale2009.doc

O Conceito de Discurso em AD - continuação

Continuação:

• Formação Discursiva: “Todo o sistema de regras que funda a unidade de um conjunto de enunciados sócio-historicamente circunscrito” , que possibilita a dizer quem fala e de onde esse sujeito fala;
• Chauraudeau: Dois sentidos são utilizados por esse teórico para definir discurso, os quais são: 1- “Discurso está relacionado ao fenômeno da encenação do ato de linguagem”: a encenação está necessariamente ligada aos circuitos nos quais a palavra circula, a saber, o lugar do fazer psicossocial - circuito externo – e o lugar da organização do dizer – circuito interno. Assim, a encenação discursiva é capaz de promover o surgimento de gêneros e estratégias que podem diferenciar-se das circunstâncias de produção do discurso; 2- “Discurso pode ser relacionado a um conjunto de saberes partilhados”: os saberes partilhados são construídos, na maioria das vezes, de maneira inconsciente, não determinada pela vontade dos sujeitos participantes da troca linguageira, motivados pelo imaginário social que circula nos diversos grupos ou discursos sociais;
• O discurso: um “jogo comunicativo”, um “jogo que se estabelece entre a sociedade e suas produções linguageiras”;
• Saussure: fala: exercício fonatório dos signos; língua código exterior ao sujeito: "a língua não é mais que uma determinada parte da linguagem, ainda que uma parte essencial (...) é, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto de convenções necessárias adotadas pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade" de falar, dos indivíduos. Temos, dessa maneira, uma língua que é o lado social da linguagem e a fala que se posiciona do lado individual. O discurso surge assim como uma noção intermediária;
• A definição acima dada não deixa claro que o uso que da língua se faz, sendo “usada pelo discurso”, é a língua enquanto materialidade e como intenção. Isso talvez nos diga que o fundamento ontológico do discurso não está nos estudos sobre linguagem estrito sensu, mas na psicologia. Talvez tenha sido esse o intuito de Saussure quando colocou que: Pode-se, então conceber uma ciência que estude a vida dos signos no seio da vida social; ela constituiria uma parte da Psicologia social e, por conseguinte, da Psicologia geral; chamá-la-emos de Semiologia;
• O discurso é assumido: “o discurso não é discurso a não ser que esteja relacionado a uma instância que, ao mesmo tempo, se põe como fonte dos pontos de referência pessoais, temporais, espaciais, e indica qual atitude adota em relação àquilo que diz e a seu interlocutor” (Maingueneau); pensar nas formas de subjetividade que o discurso supõe é um dos grandes eixos da AD;
• O discurso é regido por normas, assim como todo comportamento social;
• O discurso, que está entre a fala e a língua participa de alguma forma, das propriedades de ambos: é ao mesmo tempo social e individual;
• Psicanálise: o universal que faz o homem (ao nível da língua) se inscreve individual, acidental, pessoal e subjetivamente (ao nível da fala), porém com uma regularidade tal que se descobrem formações comuns (ao nível de discurso);
O discurso é uma forma de se apropriar daquilo que a sociedade de fato é ou se constitui, ou melhor, é um conjunto de percursos semânticos que constituem uma dada visão de mundo: “entendê-lo, nas circunstâncias mais diversas, significa compreender o que somos, isto é, conhecer um pouco sobre aquele que o produz ou sobre o que é objeto dessa produção”

O conceito de Discurso em AD




Na continuidade das discussões em torno do conceito de Discurso em AD, tratamos, em linhas gerais, dos seguintes pontos:

• A polissemia do termo;
• Ponto de concordância: a linguagem enquanto discurso é a manifestação da língua na comunicação sendo, ao mesmo tempo, interação e uma forma de produção social;
• Kristeva : “O discurso implica primeiro a participação do sujeito na linguagem através da fala do indivíduo”, o que o diferencia da língua enquanto sistema social de signos, e da fala, que é sempre individual e uma combinação particular introduzida pelo falante no sistema da língua;
• Michel Foucault (1968) A arqueologia do saber : afirma o primado do discurso. O discurso é uma prática, uma prática política na qual há um engajamento de um sujeito e de uma instituição enquanto elemento de uma estrutura;
• Foucault: o discurso é formado por elementos que não estão ligados por nenhum princípio de unidade, mas que seguem uma determinada regra que, através da dispersão, pode ser acionada e originar as “regras de formação”;
• “Chamaremos de discurso um conjunto de enunciados, na medida em que se apóiam na mesma formação discursiva. [o discurso] não forma uma unidade retórica ou formal, indefinidamente repetível e cujo aparecimento ou utilização poderíamos assinalar na história; é constituído de um número limitado de enunciados para os quais podemos definir um conjunto de condições de existência. O discurso, assim entendido, não é uma forma ideal e intemporal que teria, além do mais, uma história; o problema não consiste em saber como e por que ele pode emergir e tomar corpo num determinado ponto do tempo; é, de parte a parte, histórico – fragmento de história, unidade e descontinuidade na própria história, que coloca o problema de seus próprios limites, de seus cortes, de suas transformações, dos modos específicos de sua temporalidade, e não de seu surgimento abrupto em meio às cumplicidades do tempo”.

Discussões em torno do conceito “Discurso”

A primeira aula do curso discutiu o conceito de discurso em Análise do Discurso. No entanto, desde o início começamos por fazer nossas interlocuções com a Psicanálise. Desse modo, seguindo tal trilha, tratamos das DIMENSÕES DO TERMO DISCURSO. Assim, ocupamo-nos com as seguintes dimensões do discurso:

Discurso- acontecimento
Discurso-função
Discurso-relações
Discurso-funcionamento
Discurso-teorias
Começamos, no dia 08 de outubro, nossa primeira aula da disciplina "Interfaces entre Discurso e Psicanálise". Esta disciplina propõe discutir questões lingüístico-discursivas que permeiam os textos teóricos da psicanálise tendo como parâmetro textos de teóricos da análise do discurso e de vertentes da lingüística moderna. Além disso, nossos objetivos são:

- discutir os conceitos psicanalíticos e discursivos que se encontram em interface
- discutir os conceitos de discurso e sujeito em Psicanálise e Análise do Discurso
- verificar os usos possíveis de alguns conceitos psicanalíticos na Análise do Discurso.

Participe conosco!