domingo, 8 de novembro de 2009

O conceito de discurso em Psicanálise


Na última aula, discorremos sobre o conceito de discurso em Psicanálise. Partimos da definição de que o "discurso é a realização individual de todo o social que há na língua”. A partir disso, nossas discussões ficaram em torno dos seguintes pontos: • Psicanálise: o discurso é visto como uma forma de estruturação da “... comunicação, sobretudo da linguagem, específica das relações do sujeito com os significantes e com o objeto, que são determinantes, para o indivíduo, e que regulam as formas do vínculo social” .
• O discurso é aquilo que faz laço social.
• É um acontecimento singular, capaz de concretizar formas de vidas sociais.
• O discurso é algo heterogêneo em função da constituição do sujeito no campo do Outro;
• Freud (vol. 1: “Projeto para uma psicologia científica”) A constituição do sujeito no campo do Outro => O grito – o espasmo vocal – o Outro Primordial – matriz simbólica – Necessidade; demanda; desejo. => “O inconsciente é estruturado como uma linguagem” = dois sentidos: 1) estruturado segundo as leis da linguagem (metáfora e metonímia); 2) estruturado no campo da linguagem que vem do Outro (O inconsciente é o discurso do Outro);
• A essência do descobrimento inicial de Freud consiste na integração de fenômenos negativos de sentido na linguagem (afasias, etc). Para Freud, o que mais tinha sentido para um sujeito eram os momentos em que seu discurso desfazia-se e onde algo podia ser um lapso. Ele estabeleceu a positividade desse negativo:
• “Tropeço, desfalecimento, rachadura. Numa frase pronunciada, escrita, alguma coisa se estatela (…). Ali, alguma coisa quer se realizar – algo que aparece como intencional, certamente, mas de uma estranha temporalidade. O que se produz nessa hiância, no sentido pleno do termo produzir-se, se apresenta como um achado. É assim, de começo, que a exploração freudiana encontra o que se passa no inconsciente” (Lacan, seminário 11, p. 30).
• Em Lacan, os fenômenos inconscientes possuem uma descontinuidade e o inconsciente é evasivo, mas passível de ser “cercado” em uma estrutura (função de significantes);
• Lacan com Lévi-Strauss: Tabu do incesto (fato positivo e criador do social): Economia das trocas simbólicas => Cônjuges possíveis X cônjuges interditados; (relações de parentesco; exogamia; aliança);
• A ordem simbólica é a estrutura que determina e marca o sujeito, inserindo-o em um sistema de regras e códigos de linguagem através de um amplo processo de substituição de significantes denominado metáfora paterna.
• Como efeito de um insucesso no complexo de Édipo, o sujeito torna-se dividido entre a consciência e o inconsciente. Assim, o sujeito dividido é um efeito de um processo metafórico promovido pelo código que o estrutura. O código estruturante causa um sujeito “... que se pensa sujeito onde não o é exatamente; pensa-se sujeito onde é (imaginariamente) indivisível. Uma inapelável traição, pois a condição de pensar está, exatamente, na posição ou lugar ocupado no sistema de regras”.

Nenhum comentário: