segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O Conceito de Discurso em AD - continuação

Continuação:

• Formação Discursiva: “Todo o sistema de regras que funda a unidade de um conjunto de enunciados sócio-historicamente circunscrito” , que possibilita a dizer quem fala e de onde esse sujeito fala;
• Chauraudeau: Dois sentidos são utilizados por esse teórico para definir discurso, os quais são: 1- “Discurso está relacionado ao fenômeno da encenação do ato de linguagem”: a encenação está necessariamente ligada aos circuitos nos quais a palavra circula, a saber, o lugar do fazer psicossocial - circuito externo – e o lugar da organização do dizer – circuito interno. Assim, a encenação discursiva é capaz de promover o surgimento de gêneros e estratégias que podem diferenciar-se das circunstâncias de produção do discurso; 2- “Discurso pode ser relacionado a um conjunto de saberes partilhados”: os saberes partilhados são construídos, na maioria das vezes, de maneira inconsciente, não determinada pela vontade dos sujeitos participantes da troca linguageira, motivados pelo imaginário social que circula nos diversos grupos ou discursos sociais;
• O discurso: um “jogo comunicativo”, um “jogo que se estabelece entre a sociedade e suas produções linguageiras”;
• Saussure: fala: exercício fonatório dos signos; língua código exterior ao sujeito: "a língua não é mais que uma determinada parte da linguagem, ainda que uma parte essencial (...) é, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto de convenções necessárias adotadas pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade" de falar, dos indivíduos. Temos, dessa maneira, uma língua que é o lado social da linguagem e a fala que se posiciona do lado individual. O discurso surge assim como uma noção intermediária;
• A definição acima dada não deixa claro que o uso que da língua se faz, sendo “usada pelo discurso”, é a língua enquanto materialidade e como intenção. Isso talvez nos diga que o fundamento ontológico do discurso não está nos estudos sobre linguagem estrito sensu, mas na psicologia. Talvez tenha sido esse o intuito de Saussure quando colocou que: Pode-se, então conceber uma ciência que estude a vida dos signos no seio da vida social; ela constituiria uma parte da Psicologia social e, por conseguinte, da Psicologia geral; chamá-la-emos de Semiologia;
• O discurso é assumido: “o discurso não é discurso a não ser que esteja relacionado a uma instância que, ao mesmo tempo, se põe como fonte dos pontos de referência pessoais, temporais, espaciais, e indica qual atitude adota em relação àquilo que diz e a seu interlocutor” (Maingueneau); pensar nas formas de subjetividade que o discurso supõe é um dos grandes eixos da AD;
• O discurso é regido por normas, assim como todo comportamento social;
• O discurso, que está entre a fala e a língua participa de alguma forma, das propriedades de ambos: é ao mesmo tempo social e individual;
• Psicanálise: o universal que faz o homem (ao nível da língua) se inscreve individual, acidental, pessoal e subjetivamente (ao nível da fala), porém com uma regularidade tal que se descobrem formações comuns (ao nível de discurso);
O discurso é uma forma de se apropriar daquilo que a sociedade de fato é ou se constitui, ou melhor, é um conjunto de percursos semânticos que constituem uma dada visão de mundo: “entendê-lo, nas circunstâncias mais diversas, significa compreender o que somos, isto é, conhecer um pouco sobre aquele que o produz ou sobre o que é objeto dessa produção”

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